domingo, 6 de janeiro de 2013

Aurora Cibernética: a vida depois do eclipse - Capítulo 1


AURORA CIBERNÉTICA: A VIDA DEPOIS DO ECLIPSE

por Marta Ouchar de Brito

Capítulo 1 – O começo do fim

          Será que já é hora de levantar? É preciso fugir novamente ou aqui ainda é seguro?
O que restou das cidades está coberto por uma vegetação alterada pela radiação que se espalhou depois do eclipse. Tudo é gigante ou perigoso, ou os dois. As árvores cresceram rente aos prédios se abraçando às paredes como monstros. As plantas rasteiras desenvolveram espinhos enormes e raízes grossas que saltam da terra como serpentes e as frutas são quase todas venenosas, poucas nos servem de alimento.
Vivemos agora numa selva e os poucos que sobreviveram tentam aprender a viver novamente, neste inferno escuro e mal cheiroso. Não há regras de convivência e o que chamávamos de sociedade não existe mais. Confiar em alguém é sempre um risco que, diga-se de passagem, corre-se pouco, pois todos se escondem uns dos outros. Tudo é medo.
          Como começou? Eu não vi. Nasci já neste mundo caótico, pouco depois do eclipse, quando os cientistas ainda acreditavam que poderiam consertar o que haviam causado ao sol, que eu nunca vi brilhar...
Por volta dos anos 30 do século XXI, a engenharia molecular abalou definitivamente os pilares da evolução científica, popularizando o uso de nanorobôs que atuavam nas áreas da saúde, indústria, alimentação e, principalmente, no saneamento básico de países pobres, comendo a sujeira e os restos da pobreza. A humanidade acreditava mesmo que o homem havia criado a solução para todos os problemas.
Foi nesse momento que ocorreu o vazamento e a proliferação descontrolada de nanorobôs que passaram a se duplicar numa velocidade impressionante. 
As autoridades e os cientistas de todas as grandes potências procuraram deter a proliferação descontrolada do que haviam considerado a salvação da humanidade, mas não encontraram um meio de exterminar os nanorobôs.
Foi então que uma dessas mentes brilhantes do século XXI teve a ideia de conter temporariamente a proliferação e enviar as criaturas numa grande nave em direção ao Sol. Lá, eles acreditavam que tudo seria destruído.
Esse foi nosso grande erro. O sol não destruiu os nanorobôs, a nave que os carregava sim foi destruída e eles ficaram soltos no espaço, formando uma crosta que se colou a nossa atmosfera impedindo que a maioria dos raios solares chegasse à Terra. Nesse dia inesquecível para a humanidade, um eclipse gigantesco apagou o sol e as estrelas, e nós passamos a viver numa noite eterna.

4 comentários:

  1. Ual! Nossa Marta, depois de assistir a reportagem do Fantástico e ler o início de sua crônica, arrepiei... Será este nosso futuro "incerto"?? Bjs de sua fiel seguidora!!

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  2. Vou publicar todos os capítulos do livro aqui, Lu. Acho que você vai gostar. Ah! É uma honra ter uma seguidora como você! bj

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  3. Que bom! Outro livro saindo!! Já li o segundo capítulo e assim continuarei... beijocas. (Obs. Pensei em devaneio esses dias... como seria escrevermos juntas... loucura total!!) Bye

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  4. Não seria loucura, seria maravilhoso. Vamos planejar logo! Bjs

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